Artigo: Como entrevistar os colaboradores envolvidos em acidentes de trabalho

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Um dos passos para a apuração quando acontece um acidente de trabalho é justamente a entrevista com o acidentado. Em casos como esse, diversos interlocutores e de todos os níveis hierárquicos podem se apresentar, sendo assim, é interessante ter um passo a passo bem definido na hora de apurar os fatos.

Se tratando de estatísticas oficiais disponibilizadas pela Previdência Social, temos que em 2017 foram registrados 549.405 acidentes de trabalho no Brasil. Se compararmos esse número aos anos anteriores observamos uma queda de mais de 6%, contudo, ainda há trabalho a ser desenvolvido.

Esses dados somente reforçam a necessidade de fiscalização e imposição de regras e condições mínimas de trabalho.

Além disso, esse avanço é concomitante ao estudo da ciência que permeia a segurança do trabalho, algo que gera uma leva de conhecimentos muito relevantes e, dentre eles, como entrevistar colaboradores envolvidos em acidentes de trabalho.

Vamos adentrar mais esse assunto agora. Curioso? Continue lendo esse texto e aprenda mais!

O REGISTRO DE ACIDENTES DE TRABALHO (OU CAT)

A Comunicação de Acidente de Trabalho, mais conhecida como CAT, é uma obrigação de todas as empresas, independente do grau de risco (ou tipo de risco) que resida em suas dependências.

Quando falamos sobre o acidente de trabalho em si, podemos citar a Lei 8.213 de 24 de julho de 1991 que traz o conceito de acidente como ocorrências que possam acontecer no exercício profissional que cause lesão corporal ou perturbação funcional.

Tendo em vista esse cenário, também podemos inferir que a emissão do CAT não está condicionada a uma lesão ou afastamento do funcionário. Independente disso, o empregador é obrigado a emitir o registro sob pena de multa.

Ademais, caso não seja emitido, o próprio acidentado, seus dependentes, o sindicato da classe e até mesmo o médico que o assistiu pode reportar a empresa a Previdência Social.

Essa informação é de extrema importância para o manter o registro estatístico sobre acidentes de trabalho atualizados, nos permitindo acompanhar com veracidade os impactos da legislação preventiva.

Algo que sempre enfatizamos aqui no blog é que não só acidentes propriamente ditos são o foco da legislação, doenças ocupacionais também estão cobertas. Estas podem ser Lesão por Esforço Repetitivo (LER), Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) ou mesmo estresse.

Para deixar tudo explicado, vamos definir o que é a CAT: é um documento online preenchido pela empresa com o objetivo de comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) do acontecimento de algum acidente.

O que se atentar para a entrevista

Pode parecer um grande trabalho, mas na ocasião de um acidente de trabalho, absolutamente todas as vítimas e testemunhas devem ser entrevistadas. Isso se dá, pois é necessária a maior quantidade de dados possíveis para apurar os fatos.

Contudo, quando o próprio acidentado é a única fonte de informação, essa etapa do processo de registro (a entrevista) pode se complicar um pouco. Isso se dá porque a mesma pode estar sob grande estresse emocional ou mesmo sentindo-se impedido por medo de retaliações da empresa, como demissão.

Isso somente deixa ainda mais clara a necessidade da criação e manutenção de um clima de segurança do trabalho bem estabelecido dentro da empresa. Somente dessa forma os funcionários terão consciência dos seus deveres, mas também dos seus direitos relativos à própria segurança.

Todas as entrevistas devem ser realizadas somente com o indivíduo, evitando conversas em grupo. Estes podem ser silenciadores, excluindo relatos que podem ser significativos para a análise como um todo!

Sempre que possível, a entrevista também pode ser realizada no próprio local do acidente, facilitando a visualização e também a narrativa do acidentado e/ou testemunha.

Ir ao local do acidente ou realizar a entrevista em um escritório reservado deve ser uma decisão feita com cautela, afinal, o escritório realmente é um ambiente controlado e livre de distrações. O principal fator será a natureza do acidente e o estado do indivíduo.

Também é válido ressaltar que caso o acidente tenha envolvido os funcionários de mais de uma empresa, a investigação não deve ser realizada em somente uma delas. É necessário que todos os funcionários – independente da empresa – sejam entrevistados o quanto antes.

A QUE SE ATENTAR DURANTE A ENTREVISTA

Durante a entrevista com o acidentado, é de extrema importância fazer perguntas específicas e que revelem fatos esclarecedores. Mas claro, deve-se construir um espaço seguro para que isso seja realizado:

  1. Deixe o acidentado à vontade até que esteja mais calmo;
  2. Deixe claro que a investigação tem a função de averiguar o acontecimento e não é um procedimento punitivo;
  3. Nunca interrompa o indivíduo, faça anotações e volte a pergunta depois;
  4. Mostre-se interessado, seja discreto ao realizar as anotações e nunca deixe o indivíduo achando que está falando sozinho;
  5. Preferencialmente peça que uma terceira pessoa faça as anotações e pergunte se pode realizar gravações;
  6. Ao ouvir afirmações como “foi um descuido” ou “distração” faça perguntas específicas tentando descobrir o porquê de o funcionário ter sido descuidado, muitas vezes os motivos são longas horas, falta de motivação, tarefas fora do convencional, etc.;
  7. Esteja sempre atento às emoções do indivíduo ao relatar o ocorrido;
  8. Faça perguntas a respeito do local de trabalho, assim como sobre possíveis atrasos na produção, urgências específicas…;
  9. Converse de forma personalizada com cada pessoa, fazendo-se entender.

É bem simples entender a função da entrevista quando o assunto é registrar o acidente de trabalho e averiguar as suas reais causas.

Quer saber mais sobre como entrevistar os colaboradores envolvidos em acidentes de trabalho ou outros temas relacionados à Segurança do Trabalho? Deixe uma sugestão via e-mail ou pelo Facebook e aproveite para entrar em contato conosco para tirar dúvidas.

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Lembre-se: sempre verifique o CA antes de usar o EPI.